Gostava de guardar quinquilharias em caixas...
Lembranças de momentos felizes com pessoas especiais...
Guardanapos usados... enfeites de bebidas... cartões... desenhos feitos displicentemente... papel de bala... de bombons... pulseiras e colares quebrados... etc, etc, etc...
Guardava durante muito tempo, mesmo depois que a pessoa já tinha ido embora pra sempre...
Guardava até o momento em que outra tomaria o seu lugar...
Depois enterrava!
Estava feliz, porque uma nova caixa foi aberta...
Uma caixa ainda pequena, mas que podia em pouco tempo ficar enorme!
Precisava então se livrar da outra, precisava enterra-la...
Era a menor de todas as caixas que já enterrará...
Pensou que seria fácil...
Mas não foi...
Cavou um buraco bem fundo e colocou a pequena caixa dentro...
Mas não conseguiu enterra-la...
Era como se ela estivesse incompleta...
E sem ter jogado nem um punhado de terra em cima, retirou ela do buraco...
Embrulhou a caixa em um veludo vermelho e guardou no lugar mais alto do armário...
Num lugar acima da caixa nova!
Esperando ser completada... quem sabe um dia!
Cibele Sampaio