Nada de Pouco Quando o Mundo é Meu...




......."Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. ........

...... Provavelmente a minha própria vida." (Clarice Lispctor) ........

21/11/2009



ESPELHO




"Depois de chorarem juntos,

sorriu para o sorriso dela.

A cumplicidade os tornava idênticos,

ela canhota, ele destro. "

Isaac Ruy

02/11/2009

MAIOR DE TODAS AS SAUDADES

AMO VOCÊ PAI



Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu ou de alguém que se vê quase todos os dias... Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo... Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade é não saber... Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, de um cheiro... não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

31/10/2009

"PENSAMENTOS NOTURNOS"




"talvez a inspiração venha enquanto durmo...
talvez um sonho,
talvez um pesadelo,
ou talvez o descanso,
ou, ainda talvez, a paz.
Mas... se for o amor, espero estar acordado!"


Isaac Ruy

26/10/2009


"Escreva sua estória na areia da praia, para que as ondas a leve através dos sete mares, até tornar-se lenda na boca de estrelas cadentes. Conte sua estória ao vento, cante nos bares para os rotos marujos, aqueles cujo os olhos são faróis sujos, sem brilho. Escreva no asfalto com sangue, grite bem alto a sua estória, antes que ela seja varida na manhã seguinte pelos garis. Abra o peito na direção dos canhões, suba nos tanques de Pequim, derrube os muros de Berlim, destrua as cátedras de Paris. Defenda sua palavra! a vida não vale nada se você não tem uma boa estória pra contar!"

Pedro Bial

10/10/2009


"Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas..."

Mário Quintana

09/09/2009



"Quero somente realizar lindas fantasias. Seja como for e em qualquer lugar.E seja lá qual for o horário do dia.... :)"

“O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade...sei lá de quê!”

Flobela Espanca

31/05/2009

Saudades, Saudades!
Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte.
Que bem pensara vê-lo até à morte.
Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?...
Ah! como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte. Deve-nos ser sagrado como o pão!
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar.
Mais a saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca

29/05/2009


Rifa-se um coração

Rifa-se um coração quase novo.

Um coração idealista.

Um coração como poucos.

Um coração à moda antiga.

Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.

Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu...

"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,é isso que eu espero...".

Um idealista...

Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.

Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.

Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.

Esse coração que erra, briga, se expõe.

Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.

Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos.

Este coração tantas vezes incompreendido.

Tantas vezes provocado.

Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.

Um coração para ser alugado,ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.

Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo,defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armadura se deixa louco o seu usuário.

Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:

"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,só errei quando coloquei sentimento.Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.

Um órgão mais fiel ao seu usuário.

Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.

Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,mas que incomoda um bocado.

Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusara cultivar ares selvagens ou racionais,por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.

Um simples coração humano.

Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.

Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.

Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta...


24/05/2009

Caravelas

Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Num estranho país que nunca vi
Sou nesse mundo imenso a exilada.
Tanto tenho aprendido e não sei nada. E as torres de marfím que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!
Se eu sempre fui assim este
Mar morto: Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram! Caravelas doiradas a bailar...
Aí quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida,e não voltaram!...

Florbela Espanca

12/04/2009

NEM SEMPRE SOU IGUAL

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
- O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ..."

Alberto Caeiro